A Grande Aposta de Francis Ford Coppola em 'Megalopolis': Um Projeto de Vida de US$140 Milhões

A Grande Aposta de Francis Ford Coppola em 'Megalopolis': Um Projeto de Vida de US$140 Milhões

Francis Ford Coppola: Um Cineasta Visionário

Francis Ford Coppola é amplamente reconhecido como um dos mais icônicos diretores da história do cinema, responsável por clássicos atemporais como a trilogia 'O Poderoso Chefão' e 'Apocalipse Now'. Ao longo de uma carreira notável, Coppola sempre buscou distanciar-se das convenções de Hollywood e seguir sua própria visão artística. Portanto, quando os estúdios recusaram-se a financiarem seu mais recente projeto, 'Megalopolis', Coppola não hesitou em investir uma quantia astronômica de US$140 milhões do seu próprio patrimônio. O filme, que estreou no Brasil em 31 de outubro de 2024, é mais do que um simples projeto cinematográfico; representa décadas de paixão e comprometimento do octogenário diretor, que atualmente tem 85 anos.

A Inspiração e a Trama de 'Megalopolis'

'Megalopolis' é uma ambiciosa narrativa que se inspira em um evento histórico — a tentativa fracassada de golpe por um senador romano antes de Cristo — para contar a história de uma metrópole utópica em colapso em um futuro distópico dos Estados Unidos, camuflado como a Nova Roma. O roteiro aproveita o simbolismo e o poder narrativo para explorar temas de declínio, ambição e idealismo em uma cidade que outrora representava o ápice de uma civilização. O filme conta com grandes estrelas no elenco, como Adam Driver, Nathalie Emmanuel e Giancarlo Esposito, cuja performance traz vida e urgência à trama envolvente de Coppola.

Os Desafios de Produção e Aversão ao Risco de Hollywood

O início da jornada de 'Megalopolis' foi marcado pelo ceticismo dos estúdios de Hollywood. Coppola, desiludido com a realidade atual da indústria do cinema americano, acredita que o setor se tornou excessivamente avesso ao risco, evitando apostas em épicos grandiosos como os do passado. Observa paralelos inegáveis entre a situação enfrentada com 'Apocalipse Now' e os obstáculos do presente, destacando como seu espírito empreendedor foi essencial para ver a obra concretizada. O orçamento iniciado em US$120 milhões explodiu para US$140 milhões, pressionado por vários contratempos na produção, como a substituição das equipes de direção de arte e efeitos visuais. Determinado a salvar seu sonho, Coppola inclusive vendeu parte de sua vinícola renomada para autofinanciar a produção.

Distribuição e As Barreiras do Mercado

Distribuição e As Barreiras do Mercado

Apesar de 'Megalopolis' ter sido concluído com sucesso, a luta de Coppola não terminou. Ele enfrentou dificuldades para encontrar um distribuidor disposto a investir em sua visão audaciosa. Participando do Festival de Cannes de 2024 sem uma rede de distribuição, foi apenas em junho daquele ano que ele conseguiu firmar um acordo com a Lionsgate. A condição estabelecida era que Coppola arcaria com os custos de marketing, demonstrando sua determinação em garantir que o filme chegasse ao público. Entretanto, o caminho permaneceu tortuoso, com o filme enfrentando alegações de conduta inadequada contra Coppola durante as filmagens, que ele negou veementemente. Em resposta, processou a 'Variety' por divulgar vídeos dos bastidores que considerou difamatórios.

A Recepção e a Convicção Inteiramente Artística de Coppola

Desde que chegou a certos mercados ao redor do mundo, o desempenho de 'Megalopolis' nas bilheterias tem sido morno, arrecadando pouco mais de US$7,5 milhões nos Estados Unidos e Canadá até o final de setembro de 2024. Apesar disso, Coppola mantém firmemente sua convicção de que a verdadeira arte exige riscos, um ethos que ele persegue desde seu início em Hollywood. Em um cenário cinematográfico cada vez mais regido pela previsibilidade e retorno garantido, sua decisão de 'mergulhar no desconhecido' é uma declaração poderosa e resoluta sobre a liberdade artística. Para Coppola, o ato de correr riscos é uma componente essencial da expressão artística, um manifesto contra as limitações da convenção.

Conclusão: Uma Jornada Pessoal e uma Declaração Artística

A trajetória de 'Megalopolis' comprova, em última análise, que Francis Ford Coppola não é apenas um contador de histórias, mas um mestre dedicadamente comprometido com sua arte. A produção de um épico de tal magnitude, financiada do próprio bolso, demonstra não apenas o compromisso do diretor com a criação artística, mas também sua crença inabalável na importância de obras que desafiem o status quo e admitam riscos que revelem novas possibilidades narrativas. A postura de Coppola representa um grito apaixonado por um cinema ousado, onde a coragem e a visão se entrelaçam no ato da criação. Sua jornada pessoal com 'Megalopolis' pode ser vista como uma declaração artística, inspirando outros a perseguirem suas visões, custe o que custar.

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7 Comentários
  • Alexsandra Andrade
    Alexsandra Andrade

    Coppola é o tipo de artista que a gente precisa mais no mundo hoje. Não importa se o filme deu lucro ou não - ele apostou tudo no que acreditava, e isso já é uma vitória. 🙌❤️

  • Nicoly Ferraro
    Nicoly Ferraro

    Eu fui no primeiro dia que passou aqui em São Paulo e chorei no final. Não pelo que aconteceu na tela, mas pelo que ele fez pra chegar até ali. Esse homem tá no nível de um pintor que vendeu a casa pra comprar tinta. 🎨😭

  • isaela matos
    isaela matos

    Mais um velho rico achando que é Picasso porque gastou 140 mi de grana. E o pior: ainda tem gente que acha isso corajoso. Sério, quem acha que cinema é só 'arte' e não negócio tá no lugar errado.

  • Carla Kaluca
    Carla Kaluca

    o filme é um caos total msm, tipo, os efeitos visuais parecem feitos no paint e o roteiro é uma bagunça de shakespeare com star wars. mas o cara é louco e isso é lindo. eu amo isso. #megalopolis #coppolaismyhero

  • TATIANE FOLCHINI
    TATIANE FOLCHINI

    Mas será que ele não poderia ter feito isso de outro jeito? Tipo, pedir ajuda pra alguma produtora independente? Não precisa vender a vinícola, né? Acho que ele só queria ser o herói da história. 😒

  • Luana Karen
    Luana Karen

    A gente vive num mundo onde tudo tem que ser medido por likes, bilheteria e algoritmos. Mas Coppola... ele tá lá, aos 85, fazendo cinema como se o mundo ainda acreditasse em mitos. Ele não tá fazendo filme. Ele tá reescrevendo o que significa ser humano diante da arte. E isso, meu amigo, não tem preço. Nem bilheteria. É pura alma. 🌌

  • Luiz Felipe Alves
    Luiz Felipe Alves

    O interessante é que ele não tá só fazendo um filme - tá recriando o mito do cineasta como sacerdote. O que ele fez é quase religioso: sacrifício, oblação, entrega total. E aí vem os críticos dizendo que é 'egoísta'. Mas quem é o egoísta mesmo? Quem faz o que todo mundo diz pra não fazer... ou quem só copia o que deu certo? O cinema tá morrendo de medo. Ele tá vivendo de coragem. E isso, por mais que pareça loucura, é a única coisa que ainda salva a sétima arte.

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