Bradesco: Entenda a Queda de 4% nas Ações Apesar do Lucro 86% Maior

Bradesco surpreendeu ao anunciar um robusto aumento de 86% no lucro líquido do quarto trimestre de 2024, alcançando R$5,4 bilhões, mas mesmo assim suas ações (BBDC4) caíram 4% no dia 7 de fevereiro de 2025. A razão? Os resultados ficaram aquém das expectativas, parcialmente devido a ajustes não recorrentes que bagunçaram o cenário financeiro.

A analista Larissa Quaresma, da Empiricus, destacou que um dos vilões foram os ajustes de mercado que impactaram o patrimônio líquido em R$3,7 bilhões, além de um gasto de R$468 milhões com o fechamento de agências. Esses elementos encolheram um pouco o otimismo dos investidores, que esperavam uma performance mais limpa.

Embora o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) do Bradesco tenha subido para 12,7%, ele ainda fica atrás de concorrentes como o Santander, que registra 17,6%, e o Itaú, com 22%. A confiança na capacidade de atingir a meta de alinhar o ROE ao custo de capital até 2026 está em xeque, especialmente com essa expectativa agora superando 15%.

Segmento de Seguros e Perspectivas Econômicas

Um ponto positivo foi o segmento de seguros, que representou 47% do lucro líquido com uma robusta taxa de 25,1% de ROE. No entanto, mesmo esse segmento não conseguiu aliviar as preocupações em relação a um cenário macroeconômico desafiador.

Com expectativas de que as taxas de juros permaneçam elevadas por mais tempo e um ritmo de recuperação do lucro mais lento do que o desejado, o mercado reagiu com cautela. Essa percepção levou o Itaú BBA a rebaixar a classificação do Bradesco para 'Desempenho de Mercado', fixando um preço-alvo de R$14, devido a projeções de crescimento mais lentas e despesas crescentes.

Marcelo Noronha, CEO do Bradesco, expressou confiança em uma recuperação gradual, mas não deixou de reconhecer os desafios que se avizinham para 2025. O cenário econômico, com pressões inflacionárias e possível manutenção de juros altos, adiciona incertezas à equação.

Desafios à Frente

Os investidores estão olhando além dos números brutos, considerando não apenas os lucros, mas também o contexto econômico e as decisões estratégicas do banco. O fechamento de agências pode ser um passo em direção à eficiência, mas também levanta questões sobre o futuro das operações físicas em um cenário cada vez mais digital.

As próximas movimentações do Bradesco e sua capacidade de ajustar as velas em um mar de ventos econômicos incertos definirão se essa queda temporária nas ações foi uma reação exagerada ou um presságio de tempos desafiadores por vir.