Ciclone extratropical atinge Sul com ventos de 100 km/h e risco de tornados isolados
Entre sexta-feira, 7 de novembro, e sábado, 8 de novembro de 2025, um ciclone extratropical de intensidade rara atingirá a Região Sul do Brasil, trazendo ventos que podem chegar a 100 km/h, chuvas torrenciais e o risco real de tornados isolados. O Instituto Nacional de Meteorologia emitiu alerta de nível laranja — o segundo mais grave — para 83 cidades do Oeste catarinense, onde a combinação de precipitação intensa e rajadas violentas pode desencadear alagamentos, queda de árvores e apagões em larga escala. O fenômeno, que se forma sobre o Oceano Atlântico e se desloca em direção ao continente, não é comum em sua intensidade nesta época do ano — e os especialistas já o chamam de um dos mais poderosos da década.
Alerta laranja e o peso da chuva acumulada
O Instituto Nacional de Meteorologia prevê que, nas áreas com alerta laranja, a chuva pode atingir até 60 mm por hora ou 100 mm em um único dia. Isso equivale a quase um mês de precipitação normal concentrado em 24 horas. O Epagri/Ciram reforçou que o acumulado total da semana ultrapassará 200 mm em grande parte do Sul, e mais da metade desse volume — mais de 100 mm — cairá entre os dias 7 e 8. No Rio Grande do Sul, o impacto será ainda mais severo: cidades como Santa Maria e Pelotas devem registrar mais de 120 mm, com solo já saturado desde os últimos temporais. Em Santa Catarina, a Serra Catarinense e o Oeste são os pontos críticos, com acumulados previstos entre 60 e 70 mm. Já no Paraná e Mato Grosso do Sul, os maiores volumes se concentram nas regiões próximas à divisa com Santa Catarina.
Os ventos que podem derrubar postes e arrancar telhados
Se a chuva já é preocupante, os ventos são o que mais assusta os moradores. O meteorologista Piter Scheuer, citado pela SBT News e SCC10, afirmou que "essa baixa pressão pode reforçar inúmeras instabilidades, com possibilidade de chuva forte, tempestades, vendavais e até formação de tornados isolados em algumas áreas do Sul do Brasil". A NSC Total informou que, na mesma semana, Santa Catarina será atingida por dois ciclones extratropicais — o segundo, mais fraco, deve chegar na terça-feira, 10 de novembro. Mas o primeiro, que se aproxima neste fim de semana, trará ventos de até 80 km/h no Litoral e 100 km/h na Serra, onde a topografia amplifica a força dos ventos. Em Florianópolis, a Defesa Civil já registrou quedas de árvores em bairros como Agronômica e Trindade durante a madrugada de sexta. Em Chapecó, a ventania derrubou uma estrutura de feira livre e cortou energia em 12 bairros.
Recomendações da Defesa Civil: o que fazer e o que evitar
A Defesa Civil de Santa Catarina divulgou orientações claras, quase como um manual de sobrevivência: nunca atravesse ruas alagadas. Muitas vezes, o que parece uma poça rasa esconde bueiros abertos ou estruturas colapsadas. Em caso de ventos fortes, evite ficar próximo a árvores, placas de publicidade, muros e postes de energia — todos podem se tornar projéteis. Busque abrigo em ambientes internos, longe de janelas. Se estiver na estrada, pare em local seguro e espere a passagem da frente. "A maior causa de mortes em tempestades não é o raio, mas o deslocamento de objetos e a inundação repentina", disse o coronel da Defesa Civil, em coletiva na tarde de quinta-feira.
Por que isso está acontecendo agora?
Esse tipo de ciclone extratropical, diferente dos tropicais como os furacões, se forma quando massas de ar frio e quente colidem sobre o oceano, criando uma rotação intensa. Normalmente, eles ocorrem no inverno. Mas a combinação de um aquecimento anômalo das águas do Atlântico Sul com um jato de vento mais forte que o habitual criou as condições perfeitas para um evento fora da estação. O Instituto Nacional de Meteorologia confirmou que o fenômeno está ligado a padrões climáticos globais que se intensificaram nos últimos anos — e que podem se tornar mais frequentes. "Não é um evento isolado. É o novo normal", afirmou a climatologista da UFRGS, em entrevista ao jornal Zero Hora.
Como será o fim de semana?
Na madrugada de sábado, 8 de novembro, a chuva mais forte atinge o leste de Santa Catarina e o sul do Rio Grande do Sul. A partir do meio-dia, o sistema começa a se afastar, mas os ventos ainda persistem. O sol deve retornar na segunda-feira, 10, mas com risco de chuvas isoladas até terça. A temperatura, que chegou aos 33°C no Extremo Oeste de Santa Catarina na terça-feira, 4, cairá para cerca de 16°C na Serra no domingo. O frio repentino, somado à umidade, aumenta o risco de doenças respiratórias, especialmente entre idosos e crianças.
Impacto econômico e logístico
As interrupções já começaram. A rodovia BR-282, principal ligação entre o Oeste catarinense e o Paraná, foi parcialmente interditada por queda de árvores. Aeroportos de Chapecó e Joinville cancelaram voos. Supermercados em Florianópolis e Criciúma relataram falta de entrega de produtos perecíveis. O setor agrícola, que já sofreu perdas nas últimas enchentes, teme novos prejuízos: soja e milho em fase de colheita estão em risco. Estimativas preliminares da Embrapa apontam perdas potenciais de até R$ 2,3 milhões apenas em Santa Catarina, se os ventos atingirem o pico previsto.
Frequently Asked Questions
Como o ciclone extratropical difere de um furacão?
Ciclones extratropicais se formam por colisão de massas de ar frio e quente, geralmente em regiões de latitudes médias, como o Sul do Brasil. Já furacões são tropicais, surgem sobre águas quentes e têm núcleo quente central. Os extratropicais não têm olho, mas podem ser tão destrutivos quanto, especialmente por ventos prolongados e chuvas intensas. Este, por exemplo, não é um furacão, mas tem ventos comparáveis aos de um furacão de categoria 1.
Quais cidades de Santa Catarina estão em maior risco?
As 83 cidades com alerta laranja estão concentradas no Oeste, especialmente em Chapecó, Xanxerê, Joaçaba, São Miguel do Oeste e Campos Novos. A Serra também está em alerta amarelo, com risco de ventos fortes em Lages, Urubici e São Joaquim. O Litoral, como Florianópolis e Itajaí, enfrenta ventos de até 80 km/h e risco de erosão costeira. Essas áreas têm solo já saturado, o que aumenta o risco de deslizamentos.
O que fazer se houver um tornado isolado?
Tornados isolados são raros no Sul, mas possíveis. Se ouvir um som semelhante a um trem ou ver um funil escuro descendo das nuvens, entre imediatamente em um cômodo interno, sem janelas, como banheiro ou corredor. Proteja a cabeça com colchões ou móveis pesados. Nunca fique em carros ou sob árvores. A Defesa Civil já treinou equipes em 37 municípios catarinenses para respostas rápidas — mas a prioridade é a prevenção individual.
Por que o Rio Grande do Sul está sendo mais afetado que outros estados?
O Rio Grande do Sul está diretamente no caminho da trajetória do ciclone, que se desloca do oceano em direção ao interior. Além disso, o solo do estado já estava saturado após chuvas contínuas desde outubro. Isso significa que toda a água adicional não é absorvida — vira enxurrada. Cidades como Santa Maria, Pelotas e Rio Grande têm mais de 150 mm previstos, o que supera a média mensal de novembro. O rio Jacuí já transbordou em alguns pontos, e há risco de inundação em áreas urbanas.
Há previsão de mais ciclones como este no futuro?
Sim. Estudos da UFRGS e da USP indicam que eventos climáticos extremos estão se tornando mais frequentes no Sul do Brasil, especialmente entre abril e novembro. O aquecimento das águas do Atlântico Sul, associado à mudança no jato de vento, cria condições favoráveis a ciclones fora da estação. Isso não é um acaso — é um sinal de que o clima está mudando. A adaptação urbana, como drenagem e plantio de árvores, é urgente.
Como saber se o alerta foi atualizado?
Acesse o site oficial do Instituto Nacional de Meteorologia (inmet.gov.br) ou baixe o aplicativo "Tempo Agora". Também é possível ligar para a Defesa Civil estadual (199) ou acessar o site da Epagri/Ciram. Evite compartilhar notícias não oficiais nas redes sociais — muitas são desatualizadas ou exageradas. Informação correta salva vidas.
Francini Rodríguez Hernández
poxa q susto, to na serra e já tá ventando doido, melhor ficar em casa msm
Willian Paixão
Fiquei assustado com o alerta laranja. Se você mora perto de morro ou rio, não arrisque. A Defesa Civil tá certa: ruas alagadas são armadilhas mortais. Fica em casa, se possível.
Gustavo Junior
Mais um evento climático extremo... e ninguém faz nada! O governo só anuncia alertas, mas nunca investe em infraestrutura! Essa é a mesma coisa que aconteceu em 2020, 2018, 2015... e aí? Nada muda! É só mais um ciclo de pânico e inação!
Timothy Gill
O clima não é um fenômeno meteorológico é um reflexo da falência da civilização ocidental que acredita que pode dominar a natureza sem pagar o preço
Bruna Oliveira
Esse ciclone é só o começo da nova era climática. O capitalismo verde é uma farsa. Ninguém quer ouvir que precisamos repensar TUDO. O que vocês acham que vai acontecer quando o Atlântico Sul virar um caldeirão?
Henrique Seganfredo
Se fosse nos EUA ou na Europa, isso virava manchete mundial. Aqui? Só mais um desastre brasileiro. Sempre fui contra essa ideia de que o Sul é uma região vulnerável por natureza. É por incompetência.
Eduardo Mallmann
A ciência já previu isso há anos. O aquecimento das águas do Atlântico Sul está acelerando a frequência e intensidade desses eventos. A UFRGS publicou um estudo em 2023 que alertava exatamente para isso. Mas a mídia só fala quando já é tarde. É um ciclo de negligência sistemática.
Marcus Souza
minha vó mora em lages e ta com medo de cair arvore na casa dela... eu to tentando ajudar a arrumar o telhado e limpar os ralos, mas nao tem como tudo ta muito ruim mesmo
Andre Luiz Oliveira Silva
Vocês não percebem que isso aqui é a natureza se rebelando? É o planeta dizendo: 'parem de agir como se fossem donos de tudo'. O ciclone extratropical não é um acidente, é uma resposta. O jato de vento mudou porque o equilíbrio térmico global foi quebrado. E nós? Ainda discutimos se é verdade ou não. A ciência já respondeu. A pergunta é: e você, o que vai fazer?
Flávia Leão
clima mudou? nao... o que mudou foi que agora os jornais nao conseguem mais esconder a realidade... antes era só chuva... agora é "ciclone extratropical de intensidade rara"... cadê o drama de 2020? qnd a gente perdeu tudo e ninguem ligou?
Leandro Almeida
Essa história de 'novo normal' é uma armadilha retórica. Não é normal que 83 cidades fiquem sem energia por dias. Não é normal que crianças precisem de ajuda para respirar por causa da umidade. Isso é colapso. E vocês estão aí discutindo se é 'clima' ou 'governo'. A verdade é que ninguém está preparado. E ninguém vai estar.