Copa Libertadores 2025: chave das quartas definida e caminho até a final

Oitavas de final, quedas pesadas e viradas que mudam a chave
O campeão caiu antes da hora e a tabela ganou um novo dono de holofotes. A Copa Libertadores 2025 entrou de vez na fase quente com a definição das quartas de final depois de oitavas cheias de reviravoltas, pênaltis e placares construídos com sangue frio fora de casa.
Em agosto, os oito classificados saíram em jogos de ida entre 12 e 14 e de volta entre 19 e 21. Teve zebra de respeito, atropelo, virada e muito nervosismo na marca da cal. Sem gol qualificado desde 2021, empate no agregado levou direto para pênaltis — e dois gigantes respiraram graças a isso.
- São Paulo x Atlético Nacional: 1–1 no agregado; classificação tricolor nos pênaltis.
- Vélez Sarsfield x Fortaleza: 2–0 no agregado para o Vélez, vitória construída no segundo jogo.
- Flamengo x Internacional: 3–0 no agregado, com 1–0 no Rio e 2–0 fora.
- Palmeiras x Universitario: 4–0 no agregado, tudo decidido já na ida.
- River Plate x Libertad: 1–1 no agregado; River avançou nos pênaltis (3–1).
- Estudiantes x Cerro Porteño: 1–0 no agregado, gol decisivo no primeiro confronto.
- Racing x Peñarol: 3–2 no agregado, virada após derrota por 1–0 na ida.
- LDU Quito x Botafogo: 2–1 no agregado; LDU virou a série depois de perder a ida por 1–0.
O choque mais barulhento veio de Quito: a LDU derrubou o Botafogo, então campeão vigente, virando a eliminatória no jogo da volta. O fator altitude — perto de 2.850 metros — pesou, mas não explica tudo. O time equatoriano foi competitivo nas duas partidas e ganhou moral para encarar brasileiro novamente nas quartas.
Do lado brasileiro, três estilos bem distintos sobreviveram. O Palmeiras foi quem mais passou recado, com 4–0 logo no primeiro jogo contra o Universitario e controle total da série. O Flamengo foi cirúrgico: dois jogos sem levar gol contra o Internacional e imposição física fora de casa. O São Paulo, mais sofrido, precisou manter a cabeça no lugar para segurar o Atlético Nacional e resolver nos pênaltis.
Entre os argentinos, a maratona também cobrou sangue. O River precisou de pênaltis para tirar o Libertad depois de 180 minutos travados. O Racing reagiu com autoridade contra o Peñarol, mudando o roteiro no segundo duelo. O Vélez teve a noite perfeita em casa para fechar o 2–0 sobre o Fortaleza. Já o Estudiantes, fiel à sua tradição copeira, administrou vantagem mínima com defesa compacta e bolas paradas fortes.
Somando os oito sobreviventes, o recorte mostra a cara do torneio: quatro argentinos (River, Estudiantes, Racing e Vélez), três brasileiros (Palmeiras, Flamengo e São Paulo) e um equatoriano (LDU). Brasil e Argentina continuam dominando em número e orçamento, mas a LDU provou que concentração e plano de jogo ainda viram série grande no continente.

Quartas de final: cruzamentos, datas e o que pesa em cada duelo
O sorteio levou a um quadro com encontros de peso logo de cara. Três confrontos já têm data marcada e prometem estádios cheios e tensão alta.
River Plate x Palmeiras — 18 de setembro de 2025. Rivalidade que carrega memórias recentes e antigas. Em 1999, o Palmeiras eliminou o River nas semifinais em série histórica. Em 2020, o time brasileiro abriu 3–0 na ida e teve de sofrer no Allianz para confirmar a vaga na final; o VAR virou protagonista. Agora, ambos chegam testados: o River vem da batalha nos pênaltis, o Palmeiras da classificação mais sólida das oitavas. A chave aqui costuma ser a mesma: controlar a área em bola aérea, resistir aos primeiros 20 minutos de empolgação rival e aproveitar transições. Detalhe prático: quem administrar melhor o desgaste de viagens e a gestão do elenco entre as datas pode sair com meio pé na semi.
Flamengo x Estudiantes de La Plata — 19 de setembro de 2025. Choque de escolas que o continente conhece bem. O Flamengo tende a ditar ritmo com posse e pressão alta; o Estudiantes aposta na organização, no jogo direto e no veneno das bolas paradas. Em mata-mata curto, o primeiro jogo define o tom: se o Flamengo abrir vantagem sem sofrer gol, leva o confronto para o seu jeito; se o Estudiantes segurar e arranhar um gol em escanteio ou falta lateral, o segundo jogo vira um xadrez.
LDU Quito x São Paulo — 18 de setembro de 2025. Altitude como personagem principal e um teste de maturidade para o time brasileiro. A LDU mostrou contra o Botafogo que sabe trancar o meio, acelerar pelos lados e carregar a disputa para o seu terreno. Para o São Paulo, a receita é simples na teoria, dura na prática: linhas compactas, posse responsável e atenção máxima nos 15 minutos finais de cada tempo, quando o desgaste cobra mais caro. A série tende a ser de poucos gols.
Vélez Sarsfield e Racing completam o quadro das quartas e fecham a lista dos oito. Os dois chegam em momentos diferentes: o Vélez cresceu na volta das oitavas; o Racing virou série difícil. Ambos carregam tradição de jogos físicos e eficientes, algo que costuma valer muito nas semanas de mata-mata.
Calendário e regulamento seguem a cartilha que a torcida já conhece: quartas e semifinais em jogos de ida e volta; se houver empate no agregado, decisão por pênaltis, sem prorrogação. O gol fora não pesa — vale a soma pura dos placares. A final será em jogo único, em sede definida pela Conmebol, e aí sim existe prorrogação antes dos pênaltis.
O que muda um confronto de Libertadores nessa etapa? Alguns pontos práticos fazem diferença:
- Primeiros 20 minutos: pressão, ambiente e nervos. Quem não se perde aí, costuma controlar a série.
- Bola parada: é meio gol em mata-mata sul-americano. Defesas treinadas e batedores precisos definem jogos.
- Gestão física: viagens longas, altitude em Quito e maratonas nacionais exigem rotação inteligente.
- Goleiros: em séries parelhas, o nível do guardião e sua leitura de pênaltis viram seguro extra.
Há também a leitura de chaves. Nenhum lado está livre de pedreiras, e a combinação de estilos promete confrontos com caras bem diferentes: de um lado, duelos técnicos e de posse; do outro, batalhas de transição e imposição física. O torcedor que gosta de xadrez tático terá prato cheio.
Três notas finais para entender o clima que vem por aí. Primeiro: quem trouxe as oitavas para os pênaltis provou casca e pode crescer nas quartas — especialmente em ambientes hostis. Segundo: quem passou com margens folgadas terá de recalibrar ritmo para jogos naturalmente mais apertados. Terceiro: a presença da LDU no chaveamento adiciona um fator que os brasileiros conhecem bem — a altitude em Quito mexe com perna, tempo de bola e tomada de decisão.
Faltam três degraus até a taça: quartas, semifinais e final. O quadro está armado, o equilíbrio existe e ninguém terá caminho leve. Para quem acompanha de perto, é tempo de olhar para as micro-batalhas — duelos individuais, leitura de arbitragem, variações entre os jogos —, porque nelas está a diferença entre voltar para casa e seguir vivo na noite mais longa do continente.