Hugo Motta Suspende Reuniões de Comissões na Câmara e Impede Votação de Apoio a Bolsonaro

Hugo Motta Suspende Reuniões de Comissões na Câmara e Impede Votação de Apoio a Bolsonaro

Bloqueio nas Comissões Durante o Recesso

Na noite de 22 de julho de 2025, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu suspender todas as reuniões das comissões até o fim do recesso parlamentar, que vai até 1º de agosto. Não foi uma medida comum — e muito menos neutra. O decreto veio poucas horas antes de uma reunião que tinha tudo para causar barulho: a Comissão de Segurança Pública, majoritariamente formada por aliados de Jair Bolsonaro, tinha agendado para o dia seguinte a votação de moções de apoio ao ex-presidente.

O clima em Brasília já estava tenso. Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, havia recentemente imposto medidas duras a Bolsonaro, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica. O comando do PL, partido de Bolsonaro, viu na oportunidade de aprovar moções de repúdio à decisão do STF e de apoio ao ex-presidente uma oportunidade para pressionar tanto o Judiciário quanto aliados de Lula.

A Reação do PL e a Defesa de Motta

A Reação do PL e a Defesa de Motta

Com a canetada de Hugo Motta, qualquer articulação para transformar as comissões em palanque ficou travada. O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, rapidamente criticou a medida, chamando-a de inconstitucional e acusando Motta de sufocar o debate parlamentar. Segundo Cavalcante, o regimento interno só permite o cancelamento do recesso quando há convocação extraordinária para temas urgentes, o que não estava em pauta. "Estão tentando calar a oposição e impedir que se dê apoio ao presidente Bolsonaro num momento de ataque do Judiciário", reclamou.

Mesmo com o barulho, Motta não recuou. Ao lado do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, ele manteve o discurso de que o recesso é parte das normas da Casa e que não há espaço para quebra de protocolo só por conta da pressão política. "O recesso parlamentar está mantido. O momento é de pausa, não de tumulto", disse Motta a jornalistas, poucas horas depois de publicar o ato no sistema interno da Câmara.

A suspensão teve efeito imediato, atingindo todos os colegiados da Casa. Nem discussões técnicas nem votações simbólicas puderam ser realizadas presencialmente ou por videoconferência. O objetivo explícito era cortar, no nascedouro, qualquer tipo de manifestação formal em favor de Bolsonaro dentro da Câmara.

  • Ao bloquear as comissões, a Mesa Diretora evitou que manifestações políticas se multiplicassem sob o guarda-chuva institucional.
  • Líderes governistas viram na decisão uma reação preventiva diante da mobilização da oposição em um período geralmente letárgico no Congresso.
  • Do lado do PL, a reação foi organizar coletivas de imprensa e manifestações fora do plenário para manter Bolsonaro em evidência enquanto deputados aliados argumentavam sobre o cerceamento do debate.

Apesar da gritaria, o recesso correu como previsto, sem qualquer movimentação para antecipar a volta dos trabalhos. Para a base aliada do governo, a estratégia evitou maiores embates públicos enquanto a tensão entre Legislativo e Judiciário segue alta. Já para a oposição, ficou o recado de que, pelo menos por enquanto, as portas institucionais seguem fechadas para o que consideram um "contragolpe".

O cerne do episódio: a força do controle da pauta no comando do Legislativo e os limites da ação política durante o recesso, num momento em que qualquer aceno favorável ou crítico a decisões do STF rapidamente vira combustível para as guerras internas de Brasília. Essa suspensão, mais do que uma questão regimental, mostrou como o embate entre aliados de Bolsonaro e o atual comando da Câmara ainda promete capítulos de alta voltagem em 2025.

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