Se você já assistiu a um desfile no Sambódromo ou viu vídeos dos batuques nas ruas, sabe que as escolas de samba são o coração do Carnaval brasileiro. Elas são mais do que grupos de músicos; são verdadeiras comunidades que unem música, dança, fantasia e muita história. Vamos entender como tudo isso funciona e por que essas agremiações marcam a cultura do país.
A história começa no início do século XX, nos bairros populares do Rio de Janeiro, como São Cristóvão e Estácio. Ali, os moradores se reuniam para tocar tamborins, cantar e celebrar a vida. Em 1928, o grupo de Estácio de Alagoas, considerado a primeira escola, organizou um desfile de rua que mostrou ao público o potencial de transformar o samba em espetáculo.
Essa ideia pegou e, nos anos 1930, surgiram outras agremiações, como a Portela, a Mangueira e a Império Serrano. Cada uma trouxe seu jeito de contar histórias, usar cores e criar fantasias. O que começou como festa de bairro virou uma competição oficial, com jurados avaliando música, harmonia, evolução e enredo.
O carnaval não nasce de um dia para o outro. As escolas trabalham o ano inteiro, começando a escolher o tema – o enredo – logo após o desfile anterior. Esse tema guia tudo: a música das baterias, as letras das sambas-enredo, os cartazes, as alegorias e os figurinos.
Os compositores criam o samba‑enredo, que precisa ter letra fácil de cantar, ritmo contagiante e ligação clara com o tema. Enquanto isso, os costureiros desenham e costuram centenas de fantasias, que podem pesar até 30 kg. As alas de baianas, passistas e representantes das comunidades também são ensaiados diariamente. E não vamos esquecer da bateria, que é o motor da escola – mais de 80 percussionistas afinam os instrumentos para manter o ritmo firme.
Nos meses que antecedem o desfile, tudo isso se junta nos ensaios gerais. É hora de conferir se a iluminação funciona, se a avenida tem espaço para as alegorias e se a coreografia está sincronizada. Cada detalhe conta, porque o jurado avalia com lupa.
Quando o grande dia chega, a energia é indescritível. A escola desfila com centenas de pessoas, carros alegóricos gigantes e um som que ecoa por toda a cidade. O público vibra, o jurado pontua, e a classificação final determina quem sobe de divisão ou ganha o título de campeã.
Além do Rio, outras cidades como São Paulo, Salvador e Recife também têm suas próprias escolas, cada uma com identidade única. Em São Paulo, por exemplo, a escola da “Mocidade Independente de Padre Miguel” traz um estilo mais urbano, enquanto em Salvador os blocos de axé misturam samba com ritmos africanos.
Se você quer entrar no universo das escolas de samba, comece assistindo a um desfile ao vivo ou pelo menos vendo o vídeo completo no YouTube. Observe como a bateria marca o compasso, como as cores das fantasias contam histórias e como a plateia responde ao ritmo. Depois, procure uma agremiação local – muitas vezes há projetos comunitários que aceitam novos membros, seja para tocar instrumento, cantar ou simplesmente ajudar nos bastidores.
Compreender as escolas de samba é entender uma parte fundamental da cultura brasileira. Elas mostram como a música, a dança e a criatividade se unem para transformar um evento em pura magia. Agora que você já conhece a trajetória, os bastidores e a energia dos desfiles, está pronto para curtir o próximo Carnaval com mais atenção e, quem sabe, até entrar nessa festa incrível.
No dia 25 de julho de 2024, as escolas de samba do Rio de Janeiro reuniram-se na Cidade do Samba para prestar homenagem a Rosa Magalhães, uma lenda do Carnaval. Rosa, conhecida por suas fantasias vibrantes e performances enérgicas, faleceu aos 95 anos em 18 de julho de 2024, após participar dos festejos por mais de 70 anos. O evento contou com desfiles de várias escolas e foi marcado por muita emoção e lembranças.