Em 25 de setembro de 2025, a empresa ambiental brasileira recebeu medida cautelar que impede credores de executarem dívidas por 30 dias. A ação surgiu após falhas em emissões de green bonds que desencadearam cláusulas de cross‑default, ameaçando R$ 11 bilhões em obrigações. Apesar de relatórios apontarem quase R$ 5 bilhões em liquidez, a companhia não conseguiu honrar garantias exigidas pelo Deutsche Bank e Santander. O juiz designou quatro administradores judiciais como pré‑via de eventual recuperação judicial. A notícia fez as ações da empresa despencarem mais de 50 %.
Green Bonds – guia completo para investidores e emissores
Quando falamos de green bonds, títulos de dívida emitidos para financiar projetos com benefícios ambientais claros. Também conhecidos como títulos verdes, eles se inserem no contexto da sustentabilidade, prática de atender às necessidades atuais sem comprometer as futuras e do mercado de capitais, plataforma onde empresas, governos e investidores negociam valores mobiliários. O financiamento climático, recursos direcionados à mitigação e adaptação às mudanças climáticas funciona como a força motriz que legitima esses títulos, enquanto os critérios ESG (ambiental, social e de governança) definem o padrão que os investidores esperam. green bonds abrangem projetos de energia renovável, eficiência energética e transporte limpo. Essa estrutura cria a relação: green bonds possibilitam investimentos sustentáveis, investidores exigem transparência ESG e reguladores estabelecem requisitos de elegibilidade. O resultado é um ciclo onde cada parte reforça a outra, ampliando o volume de recursos destinados à economia de baixo carbono.
Como são estruturados e quais são os principais critérios?
A emissão de green bonds segue três pilares: elegibilidade do projeto, uso dos recursos e relatório de impacto. Primeiro, o emissor deve escolher ativos que se enquadrem em categorias reconhecidas, como energia solar, parques eólicos ou gestão de resíduos. Segundo, o valor captado é bloqueado em contas segregadas, garantindo que o dinheiro seja aplicado exclusivamente nas iniciativas verdes. Terceiro, ao final de cada período – geralmente anual – o emissor publica um relatório detalhado, demonstrando a redução de emissões ou outras métricas ambientais. Esses relatórios são auditados por terceiros, cujas opiniões de rating verde aumentam a confiança do mercado. Rating verde, avaliação independente que verifica se os títulos cumprem os padrões de sustentabilidade pode reduzir o custo de financiamento, pois investidores institucionais buscam alinhar seus portfólios a metas climáticas. Além disso, a taxa de juros, custo efetivo do crédito para o emissor tende a ser competitiva quando o rating indica alta credibilidade ambiental. Essa dinâmica demonstra que green bonds exigem uma governança rigorosa, mas recompensam quem oferece transparência com acesso a capital mais barato.
No Brasil, o mercado de green bonds ganhou força após o lançamento de diretrizes do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários, que alinharam o país à taxonomia da UE. Bancos de desenvolvimento, como o BNDES, já emitiram séries próprias para financiar infraestrutura sustentável, enquanto grandes empresas – de energia, mineração e agronegócio – seguem o caminho para diversificar suas dívidas. Essa tendência atrai investidores estrangeiros que buscam cumprir compromissos de ESG, o que eleva a liquidez dos títulos no mercado secundário. Contudo, ainda há desafios: a necessidade de padronizar métricas de impacto, evitar o risco de "greenwashing" e melhorar a educação financeira para que gestores de fundos compreendam plenamente os benefícios desses ativos. Ao acompanhar as próximas publicações, você verá análises de casos reais, dicas para avaliar oportunidades e estratégias para integrar green bonds ao seu portfólio, além de entender como a política pública pode influenciar o futuro desse mercado em expansão.