Noche UFC 2025: brasileiros dominam card em San Antonio com Diego Lopes x Jean Silva

Noche UFC 2025: brasileiros dominam card em San Antonio com Diego Lopes x Jean Silva

Brasileiros tomam conta do Noche UFC 2025 em San Antonio

Um card que celebra a Independência do México terá uma luta principal 100% brasileira. No Noche UFC 2025, em 13 de setembro, no Frost Bank Center, em San Antonio (EUA), Diego Lopes (26-7) enfrenta Jean Silva (16-2) em um duelo que, nos bastidores, é visto como eliminatória para o cinturão peso-pena. É a terceira edição do evento temático, criado para destacar atletas latinos — e, desta vez, o protagonismo vem do Brasil.

A noite reforça a ponte cultural entre dois países apaixonados por lutas. Lopes, nascido no Brasil e radicado no México, virou um símbolo dessa mistura: fala à torcida mexicana, carrega a bandeira local e representa um MMA que dialoga com as duas escolas. Do outro lado, Jean Silva é o rosto da nova geração da equipe Fighting Nerds, polo independente que vem ganhando espaço e exportando talentos.

O card terá 14 lutas. Os preliminares começam às 15h (horário da Costa Leste dos EUA, 16h em Brasília) no aplicativo da ESPN. O card principal está previsto para 18h ET (19h em Brasília). Programação longa, ritmo alto e promessa de disputas que mexem com o topo de divisões movimentadas.

Na luta principal, o contexto pesa. Diego Lopes chega de derrota por decisão unânime para Alexander Volkanovski em abril, no UFC 314, em disputa pelo título vago dos penas. Antes disso, emendou cinco vitórias e se firmou como um dos nomes mais perigosos da categoria até 66,2 kg. Com 1,80 m, base de jiu-jítsu e senso de oportunidade apurado, gosta de iniciar sequências no clinch, atacar o pescoço em transições e trabalhar com ritmo alto quando sente o adversário exposto.

Jean Silva, 1,70 m, subiu da vitrine do Dana White’s Contender Series (setembro de 2023) direto para uma sequência impressionante. Venceu cinco seguidas no UFC e, no mesmo UFC 314, finalizou Bryce Mitchell no segundo round. Embora tenha mãos pesadas e gosto pela trocação, mostrou leitura de grappling e frieza para ajustar a finalização quando o momento apareceu. Chega carregando um peso extra: depois de tropeços recentes dos companheiros Caio Borralho e Mauricio Ruffy no UFC Fight Night em Paris, virou o único atleta da Fighting Nerds invicto no UFC — e isso sempre conversa com a cabeça do lutador.

O vencedor fica muito perto da disputa de título. A categoria dos penas vive ciclos de renovação constantes, e a combinação “performance + timing” costuma acelerar fila. Lopes traz nome, narrativa internacional e experiência em luta de cinco rounds. Jean, além da sequência invicta recente, oferece espetáculo e poder de nocaute. Quem liderar as ações, pontuar danos claros e controlar as transições deve sair com um argumento forte para a próxima chamada do cinturão.

Em termos de estilos, o mapa tático é claro. Para Lopes, o caminho passa por entradas limpas de queda, uso do alcance para marcar a distância e paciência para capitalizar erros de base do adversário. Ele se dá bem quando dita o ritmo e força defesas em sequência, criando janelas para estrangulamentos ou controle por cima. Para Jean, a chave é a defesa de quedas na primeira ação, deslocamento lateral para quebrar a linha de ataque e combinações em três ou quatro golpes, variando cabeça e tronco do oponente. Se conseguir encontrar o tempo do contragolpe, suas mãos ganham outra dimensão no duelo.

Há também o fator público. San Antonio tem forte comunidade mexicano-americana, e a conexão de Lopes com o México deve render aplausos. Não se trata só de torcer: em luta de alto nível, a leitura de momento muda com cada reação da arena. Um golpe limpo, um quase knockdown, uma queda no fim do round — tudo ganha peso quando a plateia responde.

Se a luta principal promete mexer no topo dos penas, o card reserva mais Brasil em confrontos de tiro curto e impacto imediato no ranking.

  • Alice Pereira (6-0) x Montserrat Rendon (6-1), peso-galo feminino: duelo de prospectos em curva ascendente. Alice chega invicta e favorita nas casas de aposta (-150), algo que espelha confiança do mercado no pacote técnico dela. Em pelejas desse nível, o que costuma separar é a eficiência sob pressão: quem consegue impor a primeira arma — seja jab para abrir caminho, seja queda bem cronometrada — geralmente dita a leitura dos juízes. Rendon, com cartel sólido e repertório robusto, não é adversária para ser subestimada. Vale observar a gestão de distância e a defesa de quedas no primeiro minuto de cada round.
  • Rodrigo Sezinando (9-1) x Daniil Donchenko (12-2), meio-médios: Sezinando entra como azarão (+180), mas com quase cartel perfeito e boa margem para surpreender. Donchenko chega com mais lutas no currículo e tende a testar a paciência do brasileiro na longa distância. Se Rodrigo encurtar com segurança, variar níveis (linha de cintura e cabeça) e evitar ficar parado no centro, transforma a luta em uma guerra de detalhe — onde uma joelhada na saída do clinch ou um chute na base pode virar o round.

Em cards longos como este, a leitura dos juízes volta à pauta. O UFC passou os últimos anos reforçando critérios: dano efetivo vem primeiro, depois impacto técnico e controle. Traduzindo: quedas que não levam a golpes ou tentativas reais de finalização valem menos do que socos limpos que balançam o adversário. Isso importa especialmente para nomes que miram o ranking e não podem se dar ao luxo de deixar dúvida.

Outro ponto que costuma pesar é a estratégia de 5 rounds no principal. Administrar gás é muito mais do que “preparar o cardio”: é saber quando gastar energia e quando empurrar o adversário a gastar. Lutas de pentacampeonato premiam quem lê o relógio. Diego, por ter passado 25 minutos em disputa de título, entra com essa casca recente. Jean, por seu ritmo e poder, compensa com o fator ameaça constante. O round 3 costuma ser o divisor: quem chegar com mais ferramentas vivas tende a disparar no placar.

Para os brasileiros do card, existe também o simbolismo. Lutar numa noite criada para celebrar o México, e brilhar mesmo assim, tem um charme especial. No caso de Lopes, a identificação com o país anfitrião cria um clima quase de “casa”. Para Jean, é a chance de calar a arena e cravar seu nome como o próximo da fila. Nas lutas femininas e nos meio-médios, um triunfo convincente abre portas para top 15, convite para card numerado e, claro, melhor posição de negociação.

Alguns números ajudam a entender o cenário competitivo:

  • Diego Lopes: 1,80 m; base de jiu-jítsu; vem de luta pelo título e tinha cinco vitórias seguidas antes do revés no UFC 314.
  • Jean Silva: 1,70 m; egresso do Contender Series (set/2023); cinco vitórias seguidas no UFC e finalização sobre Bryce Mitchell em abril.
  • Alice Pereira: invicta (6-0) e favorita nas bolsas (-150), foco em consolidar posição entre as galos.
  • Rodrigo Sezinando: 9-1, entra como underdog (+180) contra um rival com mais lutas no cartel profissional (12-2).

A semana de luta ainda traz a prova da balança, sempre delicada para quem busca render ao máximo sem perder força. O corte de peso influencia punch, resistência a golpes e explosão. Equipes que acertam a mão nesse processo costumam ver o plano tático funcionar melhor, especialmente em combates que pedem mudança de marcha entre rounds.

No fim, o Noche UFC deste ano entrega três narrativas em paralelo: a disputa por uma vaga direta no title shot nos penas; a afirmação de novos nomes brasileiros no cenário global; e a noite em que um evento feito para celebrar o México também vira vitrine para talentos do Brasil. É um retrato do MMA moderno, no qual fronteiras culturais importam menos do que performance de alto nível.

O que esperar da noite: ritmo alto, ajustes rápidos e olho na fila do cinturão

Para quem acompanha a categoria dos penas, a atenção vai estar nos ajustes entre rounds. Se Lopes assumir o centro e trabalhar jabs para medir distância, a luta tende a ganhar contornos de grappling em algum momento do round 2. Se Jean achar o tempo do direto e atrasar as entradas de queda, o desenho muda para trocação em volume e busca de mãos pesadas na curta distância. Os dois têm armas para vencer. O que separa, no topo, costuma ser gerenciamento de risco e adaptação rápida.

Na luta de Alice Pereira, o foco é disciplina tática: marcar o território no início, não ceder controle de grade e, principalmente, evitar trocas caóticas que tirem a leitura dos juízes. Já para Sezinando, a palavra é oportunismo: não basta sobreviver como azarão; é preciso criar momentos claros de domínio, com golpes que “falam” com a mesa dos juízes e, se aparecer a brecha, buscar a finalização.

Agenda do fã: preliminares às 15h ET (16h em Brasília) pelo app da ESPN; card principal às 18h ET (19h em Brasília). Com 14 lutas e forte presença brasileira, San Antonio deve assistir a uma das edições mais competitivas do evento temático. Quem sair com a mão levantada no duelo Diego Lopes x Jean Silva provavelmente ouvirá, em breve, o chamado que todo peso-pena quer: a luta pelo ouro.

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9 Comentários
  • Ezequias Teixeira
    Ezequias Teixeira

    Essa luta vai ser um show, mano. Lopes tá com a experiência de quem já viu tudo, mas o Jean tem o fogo da nova geração. Se ele conseguir segurar as entradas no clinch e botar o direto no começo do round 2, aí o jogo vira. Não tem como subestimar esse garoto.

  • Francielly Lima
    Francielly Lima

    É impressionante como o MMA brasileiro evoluiu. Não é mais só o jiu-jítsu ou o boxe. É uma fusão de técnicas, inteligência tática e psicologia de combate. Lopes e Silva representam exatamente isso: um atleta que domina o chão e outro que transforma o caos em precisão. O UFC está criando campeões, não apenas lutadores.

  • Wagner Wagão
    Wagner Wagão

    Sezinando é o tipo de lutador que todo mundo esquece até ele te dar um soco no queixo. Ele não é o mais forte, nem o mais rápido, mas ele é o mais inteligente. Se ele conseguir encurtar e botar o joelho na saída do clinch, o Donchenko vai se perder. É isso que faz um underdog virar lenda.

  • Alexsandra Andrade
    Alexsandra Andrade

    Alice Pereira é pura eficiência. Ela não precisa de show, só de controle. Se ela mantiver o jab constante e não ceder o centro da gaiola, o card feminino fica todo dela. A gente tá vendo nascer uma nova rainha da divisão e ninguém nem tá notando.

  • Mayra Teixeira
    Mayra Teixeira

    Essa história de Lopes ser símbolo do México é exagero total ele é brasileiro e ponto final se ele quiser usar bandeira mexicana é problema dele mas não me venha com essa de cultura mista que isso é só marketing da UFC pra vender mais ingressos

  • Nicoly Ferraro
    Nicoly Ferraro

    O card inteiro tá cheio de brasileiros e isso é LINDO 😍 E olha que o Jean Silva é um guerreiro, ele veio do Contender Series e tá invicto no UFC? Isso é história viva! Quem não torce por isso? 🇧🇷👊

  • Carla P. Cyprian
    Carla P. Cyprian

    A análise técnica do artigo é impecável. A distinção entre dano efetivo e controle de posição, bem como a análise do gerenciamento de energia nos cinco rounds, revela uma compreensão profunda dos critérios de julgamento contemporâneos. A contextualização histórica da luta principal é particularmente valiosa.

  • Joseph Fraschetti
    Joseph Fraschetti

    Eu fico pensando: e se o Jean vencer? Será que ele vai virar o cara da Fighting Nerds? Porque se ele fizer isso, aí o pessoal de fora começa a olhar pra essas equipes independentes como se fossem escolas de verdade. Não é só o UFC que cria campeões, né?

  • Suellen Cook
    Suellen Cook

    Agora, por favor, alguém me explique por que a Alice Pereira é favorita? Ela tem seis lutas, e a Rendon tem seis vitórias também, com um cartel mais sólido. O mercado está cego? Ou é só porque ela tem um nome bonito e um sorriso bonito? Isso é esporte ou reality show?

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